História da Via Férrea Extinta de Belém do Pará
A ferrovia Belém-Bragança foi desmontada no ano de 1966 pela Rede Ferroviária Federal, durante o regime militar, então no poder do Brasil, quando foi substituída pelas rodovias e estradas. Foto da capa de um comboio cargueiro: Augusto Rodrigues. Continue lendo.
Carlos Siqueira
5/27/20253 min read


A Estrada de Ferro de Bragança foi a primeira ferrovia do norte do Brasil, teve um total de 229 Km de extensão no seu eixo principal sem incluir os ramais, que ligava a capital do Pará, Belém, à região do município de Bragança no nordeste do estado.
As informações históricas referentes a essa ferrovia, estão baseadas na publicação de um artigo acadêmico em Novos Cadernos NAEA v. 15, n. 2, p. 143-174, dez. 2012, ISSN 1516-6481, A estrada de ferro de Bragança e a colonização da zona bragantina no estado do Pará, dos autores Leonardo Milanez de Lima Leandro – Doutor em Desenvolvimento Socioambiental (NAEA-UFPA), e Fábio Carlos da Silva – Doutor em História Econômica; Professor Associado do NAEAUFPA.
Fonte: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/viewFile/578/1531
O artigo indica como método de pesquisa "o levantamento bibliográfico, notadamente artigos, livros, monografias, dissertações, teses e algumas obras raras, e pesquisa documental: dados dos Censos de 1872 a 1920, dados do Anuário Estatístico do Brasil, Relatórios dos Presidentes da Província e Mensagens dos Governadores do Estado do Pará".


Os pesquisadores levantaram a informação de que até o final do século XIX, a região bragantina era acessada pelo rio Guamá a partir de Belém por embarcações da época, cuja importância era fazer o transporte e o comércio da produção agrícola dos colonos daquelas terras até o porto de Belém para os mercados consumidores.
Naqueles tempos, vivia-se um período de riqueza com o plantio dos seringais e o extrativismo da borracha, atividade de maior importância como internalizadora de recursos e rendas para a província. Assim, com dinheiro público assegurado, o governo provincial idealizou a construção de uma ferrovia, com o objetivo de promover o povoamento e o desenvolvimento econômico da Zona Bragantina, um território de pouco mais de 30 mil quilômetros quadrados, limitado ao norte pelo oceano Atlântico, ao sul pelo rio Guamá, ao leste pelo rio Gurupi – que divide os estados do Pará e do Maranhão – e ao oeste com a baía do Marajó.
O rápido desenvolvimento da produção agrícola e da pecuária, o povoamento da região de Bragança, e o plantio dos seringais, árvores da Amazônia que produzem uma seiva leitosa, extraída para a produção do látex, matéria prima da borracha, com destaque para a produção do pescado, fumo, algodão, gado e de cereais, riquezas que justificaram o dispêndio com a construção da ferrovia, por meio da Lei n. 809, sancionada em 1874, que concedia privilégios a uma empresa que construísse uma estrada de ferro entre Belém e Bragança e estabelecesse colonos ao longo de seu eixo.






Em junho de 1883 foi celebrado o contrato, levantado o capital exigido pela Província e iniciada a construção, em direção à primeira colônia agrícola da ferrovia, Benevides, distando de Belém 29 quilômetros. As obras foram paralisadas em 1884, quando a via alcançou o núcleo da colônia da vila do Apeú, no município de Castanhal.
Ocorreu que, para os concessionários, a ferrovia era deficitária, o que causou a paralização das obras, levando o governo da Província do Pará a assumir as operações da ferrovia, bem como a conclusão das obras, o que veio a acontecer apenas em 1908.
No entanto, face à crise econômica causada pelo aviltamento do preço da borracha, a abertura de estradas, e a situação deficitária da ferrovia, tornou-se impraticável a conservação da via e manutenção das locomotivas e vagões. Assim, o governo do Pará alinhou a transferência da ferrovia para o Governo Federal, medida que deu pouca sobrevida à essa estrada de ferro.
Com a construção e asfaltamento da Belém-Brasília, que até Castanhal seguiu paralela ao trajeto da Estrada de Ferro de Bragança, no ano de 1966, pelo Decreto 58.992 de 4 de agosto, a ferrovia foi extinta e teve parte de sua estrutura transferida para outras ferrovias federais ainda em operação.




Imagem do acervo bem_da_memoria
Acervo belém_da_memória (instagram)
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